"Os empréstimos coletivos podem revolucionar a vida das empresas em Portugal"


A Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP) reuniu no passado dia 3 Dezembro especialistas das diferentes modalidades de financiamento empresarial para discutirem as alternativas de financiamento para a economia portuguesa. A dificuldade de acesso a financiamento é um dos fatores que mais afeta a competitividade da economia nacional e exige por isso uma resposta rápida de todos os agentes de mercado. Neste artigo, apresentamos algumas das ideias discutidas ao longo da conferência, que foi moderada pelo jornalista António Costa.


O financiamento tradicional bancário continua a diminuir a um ritmo elevado

Os dados são disponibilizados pelo Banco de Portugal e mostram uma redução significativa em novo financiamento para empresas ao longo dos últimos 3 anos. No total, estima-se que terão sido realizados menos 16 mil milhões de euros em novos empréstimos durante o ano de 2015 face a 2013 - uma redução de cerca 33%.

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As bolsas de empréstimo são uma alternativa de financiamento para micro e pequenas empresas em atividade

No painel de debate dedicado às bolsas de empréstimo e crowdfunding, José Maria Rego – Co-fundador da Raize – defendeu a necessidade de se continuar a apoiar proativamente o financiamento da estrutura empresarial instalada em particular as empresas de menor dimensão. “Temos de continuar a financiar as micro e pequenas empresas que tiveram o mérito de superar as várias crises e que são responsáveis por pelo menos 40% do emprego no país”, afirmou o responsável da Raize. “Estamos a falar das boas empresas portuguesas, porque quem está hoje no mercado teve necessariamente de adaptar e inovar o seu negócio”.

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Yoann Nesme (PPL) e José Maria Rego (Raize) em conversa com António Costa sobre bolsas de empréstimos e mecanismos de crowdfunding.

Através da bolsa de empréstimos Raize, as pessoas podem emprestar diretamente a micro e pequenas empresas portuguesas em troca de um juro. Os fundos são utilizados pelas empresas para financiar a sua atividade, que vai desde a realização de novos investimentos ao reforço da tesouraria da empresa. Stephan Morais, Administrador da Caixa Capital, defende que "o peer-to-peer lending (bolsas de empréstimos) vai ser importante em Portugal e pode revolucionar a vida de muitas empresas".

Temos de continuar a financiar as micro e pequenas empresas que tiveram o mérito de superar as várias crises e que são responsáveis por pelo menos 40% do emprego no país. José Maria Rego, Raize.

Para o futuro, foi lançada a ideia de se criar um mecanismo de co-financiamento com o IFD ("Banco de Fomento") à imagem do que foi feito no Reino Unido através do British Business Bank. “A iniciativa do Banco de Fomento britânico teve imenso sucesso, e vamos procurar colocar o tema na agenda do IFD para o próximo ano”, comentou José Maria Rego no final.


Os custos de acesso ao mercado de capitais ainda são muito elevados e devem ser reduzidos

A opinião foi partilhada pelo painel de debate que juntou o Presidente do Banco BIC, o Presidente da EuroNext e o Presidente da Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD, também conhecido como "Banco de Fomento").

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Presidente do Banco BIC, Presidente do IFD e Presidente da EuroNext estiveram em debate num dos paineis do dia sobre o Sistema Bancário e o Mercado de Capitais.

Os oradores concordaram que ainda há poucos incentivos para empresas se financiarem através do mercado de capitais, tanto ao nível da fiscalidade como dos custos de uma operação. “Existe um problema de custos quando se quer ir ao mercado. Estes custos têm de ser reduzidos para que as empresas mais pequenas tenham acesso”, salientou José Fernando Figueiredo, Presidente do IFD.


Há capital para StartUps ambiciosas junto de VCs e Business Angels, mas também existem outras alternativas

Entre Venture Capital (VC) e Business Angels (BAs) não parece haver falta de dinheiro para investir em bons projetos, embora tenham sido identificados alguns desafios à atividade. “Existe dinheiro para investir em empresas portuguesas, mas o problema é o risco”, comentou Paulo Andrez da Federação Nacional de Associações de Business Angels.

“Em Venture Capital temos de conseguir retornos de 10 a 20% por ano e as empresas portuguesas nem sempre têm a estrutura para oferecer isso”, acrescentou Stephan Morais. Por essa razão, o foco destes agentes são maioritariamente StartUps com elevado potencial de crescimento e internacionalização. “O modelo dos VC’s está desenhado para ter sucesso com campeões mundiais”, explicou o Administrador da Caixa Capital.

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Painel de debate sobre investimento através de Venture Capital e Business Angels, que contou com a participação do CEO da Portugal Ventures.

Yoann Nesme, Manager and Co-Founder do PPL, falou da necessidade de se apostar mais em mecanismos alternativos para o financiamento de StartUps como o crowdfunding por recompensa e donativo. “Estes mecanismos não são só relevantes para financiar novas ideias de negócio, mas também para projetos musicais, artísticos e sociais”, afirmou o responsável pela plataforma de Crowdfunding.


Sobre a Raize

A Raize é a primeira bolsa de empréstimos em Portugal, oferecendo uma alternativa de financiamento de baixo custo para micro e pequenas empresas com pelo menos 2 anos de atividade e uma situação financeira e tributária regular. Através da plataforma www.raize.pt, as pessoas podem emprestar diretamente a empresas, em condições mais favoráveis para ambas as partes.

Para os pequenos investidores, é uma alternativa que permite investir a partir de 20 euros e obter retornos acima de 6.1% (taxa calculada com base na TANB do universo atual de investidores). Não tem custos para investir e é muito simples de usar. Para as micro e pequenas empresas, que aqui podem pedir empréstimos até 150 mil euros, é uma alternativa à banca, mais rápida e mais barata.