Como tornar a economia portuguesa mais resiliente face aos problemas dos bancos

Desde a crise financeira de 2008 que se tem vindo a gerar um consenso internacional para a necessidade de promover sociedades menos dependentes dos bancos e economias mais resilientes a crises bancárias. Em Portugal, nos últimos anos, esta dependência tem tido resultados muito negativos ao nível do financiamento à economia e tem afetado a confiança no sistema financeiro e nas contas públicas. Neste artigo, falamos da importância dos bancos em Portugal e apresentamos ideias para ajudar a fomentar uma sociedade mais independente do sistema bancário e uma economia mais capaz de enfrentar os problemas que possam ocorrer.


A importância dos bancos na sociedade portuguesa é significativa

São 7 os principais bancos em Portugal que gerem o sistema financeiro, a poupança e os serviços de pagamento da economia portuguesa. Juntos, estas 7 instituições financiam as empresas e as famílias em mais de 210 mil milhões de euros (118% do PIB), injetando anualmente cerca de 40 mil milhões de euros em novos empréstimos. Para muitos portugueses, estes bancos são a única fonte de financiamento de que dispoem para financiar as suas empresas e gerir a sua vida.

Estas instituições são também as principais depositárias de poupança dos portugueses, com cerca de 170 mil milhões de euros em depósitos. Sabemos ainda que é nos bancos que a maioria dos portugueses faz os seus investimentos. De acordo com um estudo da CMVM, menos de 10% dos agregados familiares investe em ativos além dos depósitos a prazo e dos certificados de aforro.

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Ideias para fomentar uma sociedade mais independente dos bancos e uma economia mais resiliente face a crises bancárias

Reforçar a literacia financeira dos portugueses e promover alternativas de financiamento para PMEs

1. Reforçar o investimento e iniciativas de promoção da literacia financeira dos portugueses para que estes possam compreender melhor o sistema financeiro, as suas funções e riscos.

Portugal é dos países do mundo com pior literacia financeira. Um estudo recente da Standard & Poor’s coloca Portugal no 110º lugar da literacia financeira do mundo, atrás de todos os países da Zona Euro, da União Europeia (exceto a Roménia) e da OCDE (exceto a Turquia).

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A compreensão do sistema financeiro, das suas funções e dos riscos associados, é importante para assegurar a sua estabilidade e transparência. Se as populações em geral não compreenderem o funcionamento do sistema, dificilmente poderão controlar a forma como este é gerido, e com isso exigir mais estabilidade e uma melhor proteção do erário público. A falta de literacia financeira impede também os portugueses de procurarem, com conhecimento e consciência, alternativas de investimento aos depósitos e certificados de aforro, onde mais de 90% das famílias estão exclusivamente investidas.

Adicionalmente, e com a entrada em vigor das novas regras de resolução bancária, os depositantes vão ter de estar mais atentos à situação financeira dos seus bancos. As novas regras de resolução bancária preveem, entre outros aspetos, que depositantes com mais de 100 mil euros depositados num único banco possam vir a suportar perdas caso o banco em questão seja alvo de uma resolução.

Sobre o tema da literacia financeira, a plataforma European Money Week apresenta uma lista de iniciativas em curso nos vários países europeus, que podem servir de orientação para a construção de um programa reformador em Portugal.


2. Promover alternativas de financiamento para as empresas reduzindo a sua dependência dos bancos

O acesso a financiamento por parte das PMEs é um fator essencial para assegurar o funcionamento e a competitividade de uma economia. Quando os bancos deixam de emprestar, são sobretudo as micro e pequenas empresas que são afetadas, visto terem poucas (ou nenhumas) alternativas de financiamento fora do sistema bancário. De acordo com o Banco de Portugal, houve uma redução significativa em novo financiamento para empresas ao longo dos últimos 3 anos. No total, estima-se que terão sido realizados menos 15 mil milhões de euros em novos empréstimos a empresas durante o ano de 2015 face a 2013 - uma redução de cerca 30%.

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Em Portugal, esta falta de acesso a financiamento tem sido um dos fatores que mais tem prejudicado a competitividade da economia nacional, como já tivemos oportunidade de analisar no nosso blog.

Através das bolsas de empréstimo, são investidores que investem diretamente nas empresas, criando uma ligação entre o investidor e a economia real. As bolsas de empréstimo já existem em toda a Europa e têm vindo a ganhar importância junto das empresas e da comunidade de investidores devido ao impacto positivo do modelo. No Reino Unido, por exemplo, o financiamento por bolsas de empréstimo já representa cerca de 14% dos novos empréstimos realizados a PMEs. O modelo conta com apoio direto do Governo e do Banco de Fomento britânicos, através de investimento direto em PMEs e incentivos fiscais ao investidor.

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Sobre a Raize

A Raize é a primeira Bolsa de Empréstimos em Portugal, disponibilizando uma alternativa de financiamento de baixo custo para micro e pequenas empresas. Através da bolsa de empréstimos, as pessoas emprestam diretamente às empresas, em condições mais favoráveis para ambas as partes.

Para os investidores, a Raize é uma alternativa que permite investir a partir de 20 euros e obter retornos acima de 6.3% (taxa calculada com base na TANB do universo atual de investidores). Não tem custos para investir e é muito simples de usar. Para as micro e pequenas empresas, que aqui podem pedir empréstimos até 150 mil euros, é uma alternativa à banca.

Em Portugal, a Raize conta com mais de 4,200 investidores e já ajudou a financiar mais de 1.5 milhões de euros em empréstimos a PMEs.

Emprestar em micro e pequenas empresas é um investimento de risco que pode resultar na perda do seu capital. Esclareça todas as suas dúvidas antes de investir.