"Temos de continuar a apoiar as micro empresas e não deixar que fiquem para trás."

No início de Setembro falámos com os fundadores da Raize, José Maria Rego e Afonso Fuzeta Eça, sobre o crescimento da bolsa de empréstimos e sobre as suas perspetivas para a economia portuguesa nos próximos meses.

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Afonso Fuzeta Eça, José Maria Rego e António Marques fundaram a Raize em 2014 para ajudar a financiar as micro e pequenas empresas portuguesas. Hoje, a bolsa de empréstimos conta com mais de 18 mil empresas e investidores de todo o país.

Muito sucintamente, como funciona a bolsa de empréstimos?

A Raize é a bolsa empréstimos para PME onde são investidores que emprestam diretamente às empresas. Não temos balcões por isso todo o processo de financiamento é feito de forma online, e sem necessidade das empresas recorrerem fisicamente a um local. Os empréstimos obtidos através da plataforma são de taxa fixa, reembolsáveis mensalmente e com prazos médios de 12 a 48 meses. Como habitualmente, a taxa de juro varia consoante o risco da empresa, geralmente entre os 4% e os 10%.
Em termos regulatórios, toda a atividade de pagamentos e gestão de transferências é assegurada por uma instituição de pagamentos, regulada e supervisionada pelo Banco de Portugal.

Em termos globais, que resultados apresenta hoje a Raize? Quais as perspetivas para o futuro?

A Raize conta hoje com mais de 18 mil utilizadores, entre empresas e investidores nacionais. Temos tido um crescimento muito interessante ao longo do últimos 2-3 anos e esperamos continuar a ganhar espaço no mercado português. No total, já financiámos mais de 9 milhões de euros a micro empresas portuguesas - dos quais 2.1 milhões nos últimos 3 meses - e estimamos investir outros 25 milhões ao longo do próximo ano.

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Mas quais as principais vantagens em pedir um empréstimo através da Raize?

Uma das vantagens da Raize é a utilização de processos de análise e seleção que permitem aprovar um empréstimo em menos de 48 horas. Além disso, e como não precisamos de balcões para financiar as empresas, conseguimos oferecer estes empréstimos com custos muito competitivos e sem que os empresários tenham de sair do escritório. Utilizar a Raize é também uma forma muito fácil de diversificar o financiamento da empresa e reduzir a dependência dos bancos.

"Uma das vantagens da Raize é a utilização de processos de análise e seleção que permite aprovar um empréstimo em menos de 48 horas."

Porque dizem que as micro empresas estão a ficar para trás neste ciclo económico?

Apesar da boa conjuntura que atravessamos, um estudo recente do INE mostra que as micro empresas são o único escalão de PME que não está a aproveitar o atual ciclo económico para investir e renovar a sua capacidade produtiva. O principal fator limitativo identificado pelos gerentes foi a fraca capacidade de autofinanciamento das empresas - o que faz com que precisem de obter financiamento externo.

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Fonte: Inquérito INE, Julho 2017. Evolução da Formação Bruta de Capital Fixo (investimento) por número de empregados nas empresas.

O que o estudo realça é que existe uma grande discrepância no acesso a financiamento entre empresas pequenas, médias e grandes - o que está a fazer com que as micro empresas fiquem para trás. É por este motivo que muitas micro empresas continuam dependentes do Estado, na medida em que apenas conseguem investir através de programas de financiamento subsidiados (ex. PT2020, PME Capitalizar). Este ponto é importante porque sabemos que as micro empresas são responsáveis por 40% do emprego em Portugal.

"Existe uma grande discrepância no acesso a financiamento entre empresas pequenas, médias e grandes. E é precisamente esta discrepância que torna o trabalho da Raize e o financiamento dos investidores tão importante."

Quais as perspetivas da Raize para os próximos meses? Quais os principais riscos que podem afetar a atividade das micro empresas?

Nos próximos meses, devemos continuar a sentir os efeitos do crescimento dos setores ligados ao turismo, à construção e ao imobiliário. Portugal continua a ser um destino "seguro" e a atrair por isso muitos turistas e investidores estrangeiros. Devemos também continuar a sentir os efeitos dos vários programas de financiamento públicos (ex. PT2020 e Progama Capitalizar) embora com um impacto gradualmente mais reduzido. Em termos de exportações, a valorização recente do euro está a criar alguma pressão sobre o comércio de bens transacionáveis mas menos diferenciados. Deve-se, por isso, continuar a acompanhar as negociações "Brexit" e o desenrolar do conflito na península coreana.


Sobre a Raize

A Raize é a bolsa de empréstimos para PME portuguesas, onde são investidores que emprestam diretamente às empresas. Desde do seu lançamento em Portugal, a Raize já realizou mais de 450 operações de financiamento junto de micro e pequenas empresas com um valor total superior a 9 milhões de euros.

Todas as operações de pagamentos, transferência e receção de fundos e cobranças são asseguradas pela Raize Serviços de Gestão, S.A., uma instituição de pagamentos autorizada e supervisionada pelo Banco de Portugal com o nº 8711.

Lembre-se que emprestar a micro e pequenas empresas é um investimento de risco que pode resultar na perda do seu capital.